sexta-feira, 29 de maio de 2009

Demência.

Assisti na Bandeirantes esta semana uma propaganda, sobre a legislação ambiental e como ela estaria "atrapalhando" o desenvolvimento do País, com, entre outros absurdos, entrevistas de agricultores presos por supostamente desrespeitar a dita legislação.
Finalizava conclamando a mudanças na Lei, sem o que morreremos de fome e pobreza crônica.
Grande mentira, a Legislação ambiental protege o País, não o atrapalha. Vejam o caso de Santa Catarina ano passado, com as enchentes, claro caso de desastre ambiental, e o ilustre governador deste Estado ainda quer diminuir as áreas de proteção permanente, aumentando ainda mais o risco de um desastre assim se repetir.
A Amazônia, alvo maior da pretensa mudança na legislação ambiental, em especial o código florestal (Lei 4.771-65), visando diminuir as áreas de proteção e principalmente a reserva legal, hoje de 80% das áreas rurais na Amazônia, caso os senhores da CNA e a demo senadora Katia Abreu não saibam, é o local onde se formam as chuvas que caem na região sul do Brasil, ou as repetidas secas ainda não alertaram ninguém sobre este fato ?
O Rio Grande do Sul passou até poucos dias atrás por uma das maiores secas da história, com enormes prejuízos na safra brasileira e maiores ainda aos agricultores, e podem esperar mais ainda se houver a alteração pedida pela Band, CNA e a senadora demo acima citada.
Não existe impacto na natureza sem que alguém pague por isso, e se formos além do que já fizemos, os impactos podem ser maiores que a capacidade de resiliência da nossa espécie, pois a da natureza, como sabemos, é enorme, vide os dinos e outras bilhões de espécies extintas ao longo das eras.
A visão de que a Lei impede o desenvolvimento é errada e incentivada por setores que hoje estão sendo investigados por crimes maiores, a senadora demo já esteve no Pará defendendo os interesses da Pagrisa, autuada por trabalho análogo a escravidão, e atacando os fiscais do trabalho. Em breve, se vencida a batalha por estes setores, podem esperar afrouxamento na lei trabalhista, próximo provável alvo dos mal intencionados.
Como sempre, o Brasil e suas Zelites estão na contra mão da história, pois enquanto o mundo acorda para o problema gerado pela ganância sem limites, o Brasil pode, vitima desta ganância, estar ameaçando seu maior patrimônio, uma das últimas florestas da terra.
Por que motivo não se utilizam, para a produção tão propalada por estes senhores, os 140 milhões de hectares de áreas já alteradas e improdutivas hoje ?
Vou dizer por que: isso não gera especulação em cima do valor da terra, nem abre chance para que os Daniel Dantas da vida ganhem fortunas comprando e vendendo a Amazônia.
O pior é o tipo de arma empregada pelos devastadores, que tem a mídia ao seu lado, e agora lançam discursos de truculência e prejuízos a população causados pela fiscalização ambiental, como se a ilegalidade pudesse ser aceita por órgãos ou servidores públicos, visando um pretenso bem estar destas populações, quando o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) nos locais onde estão instaladas madeireiras ilegais e fazendas de desmatadores fosse altíssimo, e que tais crimes gerassem grandes rendas a população ou aos municípios onde tais desgraças estão localizadas.
Ao contrário disso, só o que se vê é miséria, trabalho escravo, tráfico de drogas, assassinatos de encomenda, prostituição adulta e infantil e assim por diante, provando que o ilícito ambiental está associado a outros tão ou mais nocivos, e afastando a idéia que tentam passar de pobres coitados que somente querem trabalhar e o Governo, ou a Lei ambiental não deixam.
Tais informações não são somente minhas, mas dados apurados no Mapa da Violência do Brasil(http://www.ritla.net/index.php?option=com_content&task=view&id=2313).
Vamos ter consciência sobre o nosso dever com as futuras gerações, com o bem estar nosso mesmo, hoje e no futuro não tão distante, e principalmente olhar para os lados, e ver a quem vamos nos aliar, antes que seja tarde demais para todos nós, pois na natureza nada se cria, tudo se transforma, portanto, vamos olhar o que queremos transformar e deixar de herança.

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