Estou em campo, na operação Caapora, do IBAMA, com apoio da Força Nacional de Segurança, Batalhão de Policia Ambiental, Corpo de Bombeiros, FUNAI, SEMA e PRF.
Pois bem, o alvo inicial era em Nova Esperança do Piriá, município localizado entre Capitão Poço e Paragominas, para ficar entre os mais conhecidos. Lá, foram encontradas 14 serrarias, sendo 13 totalmente ilegais, e a restante com licença ambiental vencida e sem madeira legal no pátio.
Após a chegada da equipe, os madeireiros fugiram, não retornando aos locais dos seus crimes.
O fechamento das serrarias causou, logicamente, impacto na sociedade local, com fechamento das vagas de sub-emprego, pois o que era pago aos trabalhadores era desumano, segundo relatos, um dos donos, após reclamações sobre o valor pago, de R$ 360,00 por mês, reduziu para R$ 300,00 o salário, em total escárnio pelos direitos destas pessoas.
No município não existe legalidade em nada, as serrarias (ilegais) estão em área de assentamento para reforma agrária, tanto neste município quanto em Cachoeira do Piriá e Viseu, onde mais 8 serrarias foram flagradas nas mesmas condições, nos assentamentos CIDAPAR I e II, e mais uma, em instalação, onde de acordo com o caseiro do local, o assentado "alugou" a área para que a serraria fosse montada, e mora hoje em Castanhal, vivendo da "renda" que sua propriedade lhe proporciona. Triste é ver que o INCRA nada fez para impedir tal coisa, pois existe até serraria em assentamento com Licença de Operação da SEMA.
A madeira que era desdobrada nestes locais era proveniente da TI Alto rio Guamá, e em menor escala das áreas de reserva legal dos assentamentos.
Diversos depoimentos deram conta que a madeira da TI é vendida por alguns indígenas, que enfrentam principalmente a ira das mulheres da tribo, mas de vários outros membros também, pois só quem lucra com a retirada ilegal são os madeireiros.
O crime ambiental, apesar dos que acham que gera emprego e que os "ecologistas" do IBAMA não sabem do que falam ou do mal que causam ao "progresso", defendido por Xavieres e Katias da vida, nunca está sozinho, mas sempre vem ligado ao crime trabalhista, ao tráfico de drogas(mais de 12 kgs. de maconha foram apreendidos, e 23.500 pés de maconha destruídos, pela operação do IBAMA e por outra, no mesmo período, da Policia Civil), a prostituição infantil e a violência sem controle, como foi o caso da família inteira massacrada em Garrafão do Norte, cerca de um mês antes do início da operação, pois para que o crime ambiental prospere, é necessária a ausência do Estado, que dá margem a tudo isso.
Por incrível que pareça, em Nova Esperança existe esperança, e seu nome é Novo Horizonte, uma vila, a cerca de 4 km da sede do município, mais limpa, organizada e bonita que a sede.
Tal vila não tem no comércio da madeira seu motor econômico, mas na agricultura familiar, na pequena produção de farinha, gado e frutas.
Em depoimento a reportagem do Diário do Pará, uma das desempregadas relatou que até 6 meses atrás era agricultora, e que largou a roça pelo subemprego nas serrarias, devendo voltar para a roça se a situação não se resolvesse. Pois bem, a situação está resolvida, as serrarias ilegais foram desmontadas, completamente, e retiradas para Belém, para impedir reincidência no crime, comum na região.
Mas as pessoas falam como se fosse vergonha trabalhar na terra, e os políticos locais, entre os quais o candidato derrotado a prefeitura pelo PMDB, que era dono de uma das serrarias ilegais e que insuflava a população contra as fiscalizações anteriores, estão agora ameaçando queimar a prefeitura, nas mão de um grupo que não compartilha de sua ganância ambiental, e por isso é inimigo do "progresso" que criou o bairro da fumaça, de tantas carvoarias que tinha.
Em 2004 estive nesta mesma região, e em Santa Luzia existiam serrarias que utilizavam madeira da TI, e era uma cidade medíocre, praticamente abandonada. Agora, sem as serrarias ilegais, é outra cidade, limpa, bonita, com ar de prosperidade.
Os predadores da floresta não dão retorno a sociedade, ao contrario do que é apregoado, mas somente deixam um rastro de devastação e miséria aonde estão instalados, por que não querem que a população tenha uma possibilidade de vida decente, sabem que somente assim ela irá servir de mão de obra barata e massa de manobra para suas jogadas sujas, tanto econômicas como políticas.
domingo, 3 de maio de 2009
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Um comentário:
Alex,
Compartilho da sua opinião sobre as serrarias ilegais e da situação que vivia Nova Esperança do Piriá. AS coisas estão mais tranqüilas por aqui, as pessoas, aos poucos, estão retornando para a agricultura e os madeireiros já foram embora.
Abs,
Círia Santos
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